Giulio Carlo Argan, nascido na Itália em 1909, foi Prefeito de Roma entre 1976 e 1979, tendo sido senador eleito pelo Partido Comunista e catedrático de História da Arte Moderna na Universidade de Roma a partir de 1959; é considerado um dos mais produtivos historiadores da arte de sua geração, que corresponde historicamente aos movimentos modernos da arte, constrói um texto com uma visão sociológica apontando a crítica de como a produção industrial pode acabar com arte como atividade culturalmente relevante.
"Giulio Carlo Argan foi o último representante de uma grande tradição crítica que corresponde historicamente aos movimentos modernos da arte. De fato, o crítico e ensaísta italiano provém de uma escola (a de Adolfo e Lionello Venturi) que procura o sentido da arte na sua história, mais do que em faculdades inatas ou em princípios absolutos. Foi Argan, aliás, que levou essa orientação até as últimas conseqüências: se a arte é um fenômeno histórico, não há garantia de que ela seja eterna. O desaparecimento do artesanato, de que a arte era guia e modelo, e o surgimento da produção industrial, que se baseia sobre outros princípios, pode muito bem determinar o fim da arte como atividade culturalmente relevante. Essa tese é o pano de fundo desta Arte moderna." (Lorenzo Mammì,1992)
Em sua obra “Arte Moderna: do iluminismo aos movimentos contemporâneos”, Argan define o Art Nouveau do ponto de vista sociológico como um fenômeno urbano novo, que deveria satisfazer a “necessidade de arte” do mundo; e coloca-o como gosto ou estilo que interessa a todas as categorias: desde o urbanismo de bairros inteiros, o equipamento urbano e doméstico, o ornamento, até a arte figurativa e decorativa. Ainda com seu ponto de vista sociológico, ele coloca-o como um “fetichismo da mercadoria” enquanto estilo “moderno”; efeito da indústria que acelera o tempo do consumo e da substituição. Argan aponta algumas características constantes do fenômeno:
“1) a temática naturalista (flores e animais); 2)a utilização de motivos icônicos e estilísticos, e até tipológicos, derivados da parte japonesa; 3) a morfologia: arabescos lineares e cromáticos; preferência pelos ritmos baseados na curva e suas variantes (espiral, voluta etc.), e, na cor, pelos tons frios, pálidos, transparentes, assonantes, formados por zonas planas ou eivadas, irisadas, esfumadas; 4) a recusada proporção e do equilíbrio simétrico, e a busca de ritmos “musicais”, com acentuados desenvolvimentos na altura e na largura e andamentos geralmente ondulados e sinuosos; 5) o propósito evidente e constante de comunicar por empatia um sentido de agilidade, elasticidade, leveza, juventude e otimismo.” (Argan, 1992, p.199)
Continuando sua narrativa, observa que a difusão do estilo se dá por meio de revistas de arte e de moda, e por exposições mundiais. E coloca também, esse estilo como ornamental, no qual é acrescentado um sentimento hedonista á um objeto de utilidade. Assim no seu desenvolvimento histórico o elemento ornamental perde cada vez mais, o caráter de um acréscimo e acaba por adequar o próprio objeto como ornamento, o que leva os objetos a serem de superestrutura para estrutura.
Para o autor, não existe nada na imagem refletida de mundo, do Art Nouveau, que mostre consciência da problemática social que surge com a industrialização e sim, parece que o estilo pretende dissimular a condição do sujeito ao capital. Através de uma visão crítica, ele aponta ainda que, os adornos florais e trepadeiras que permeiam os lugares da burguesia, somem diante dos subúrbios das fábricas e da habitação operária.
Argan cita Marx e sua definição de mais valia, para notar que no Art Nouveau procura-se uma justificativa para o lucro excedente, acrescentando ao produto um valor, de “gênio criativo”, suplementar representado pelo ornamento. Assim, com isso para ele, o socialismo de Morris vai aos poucos se diluindo em um vago e utópico humanitarismo; pois o Art Nouveau não pretende requalificar o trabalho dos operários, e não tem um caráter de uma arte popular e sim de elite.
O historiador segue falando de H. Van de Velde, V. Horta e Otto Wagner, comentando algumas de suas obras; e da mais destaque na comparação entre Loss e Gaudí, em que analisa a casa Steiner em Viena do primeiro e a Casa Milá em Barcelona do segundo . Segundo o autor para Loos a sociedade não precisava de arquitetura e sim de moradia, se a estrutura já está modificada, por meio de planos sobrepostos, a modificação da forma e da imagem torna-se apenas conseqüência; e contrariamente para Gaudí que realiza um arquitetura puramente visual, a verdadeira estrutura é a da imagem. E para ele a arte não pode ser de “seu tempo” e usa dessa idéia para distingui-los; dizendo que ela se antecipa com o sentimento de progresso – como para Loos, Van de Veld e Horta-, ou se dobra sobre o passado – como para Gaudí, Munch e Ensor.
Para o autor, não existe nada na imagem refletida de mundo, do Art Nouveau, que mostre consciência da problemática social que surge com a industrialização e sim, parece que o estilo pretende dissimular a condição do sujeito ao capital. Através de uma visão crítica, ele aponta ainda que, os adornos florais e trepadeiras que permeiam os lugares da burguesia, somem diante dos subúrbios das fábricas e da habitação operária.
Argan cita Marx e sua definição de mais valia, para notar que no Art Nouveau procura-se uma justificativa para o lucro excedente, acrescentando ao produto um valor, de “gênio criativo”, suplementar representado pelo ornamento. Assim, com isso para ele, o socialismo de Morris vai aos poucos se diluindo em um vago e utópico humanitarismo; pois o Art Nouveau não pretende requalificar o trabalho dos operários, e não tem um caráter de uma arte popular e sim de elite.
O historiador segue falando de H. Van de Velde, V. Horta e Otto Wagner, comentando algumas de suas obras; e da mais destaque na comparação entre Loss e Gaudí, em que analisa a casa Steiner em Viena do primeiro e a Casa Milá em Barcelona do segundo . Segundo o autor para Loos a sociedade não precisava de arquitetura e sim de moradia, se a estrutura já está modificada, por meio de planos sobrepostos, a modificação da forma e da imagem torna-se apenas conseqüência; e contrariamente para Gaudí que realiza um arquitetura puramente visual, a verdadeira estrutura é a da imagem. E para ele a arte não pode ser de “seu tempo” e usa dessa idéia para distingui-los; dizendo que ela se antecipa com o sentimento de progresso – como para Loos, Van de Veld e Horta-, ou se dobra sobre o passado – como para Gaudí, Munch e Ensor.
Por fim Argan indaga, através de seu pensamento crítico, as conseqüências que o progresso traz para a sociedade e para os novos meios de fazer arte; como escreve:
“O progresso é racional, a decadência inevitável. O contraste reflete um dilema mais grave: o progresso, motivo de orgulho da sociedade moderna, é uma ascensão da humanidade para a salvação ou uma louca corrida para a ruína?” (Argan, ano, p.225)
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